quinta-feira, 9 de junho de 2011

Demasiado bom para mim

Não percebes o que quero dizer, pois não?
Não entendes aquilo que te quero mostrar, aquilo que gostava de te dizer mas que não consigo...
Não é assim tão simples, não... Não se resume apenas a mostrar quem sou e como sou. Não posso chegar ao pé de ti e tirar a capa negra que cobre o meu ser todos os dias. Sei que também tens uma... porque não a tiras primeiro?
Eu tenho bem a noção de que é provável que esteja a tornar as coisas mais difíceis. Desculpa por ser assim tão complexa mas não consigo revelar o meu ser sem tu revelares o teu. Nunca tive jeito nenhum para estas coisas... No entanto, as probabilidades de um dia vires a ler isto são bastante reduzidas e, assim, não tenho medo nenhum de ser mais ou menos directa.
Gosto de ti, é verdade! mas tu nunca vais saber...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Há coisas que parecem ter sido feitas para nós...

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!





(Cântigo Negro, José Régio)

sábado, 4 de junho de 2011

Incapacidade




Olho para todos os lados, tentando observar aquilo que desconheço. No entanto, não sou capaz. Os meus olhos turvam-se e eu não vejo nada.

Desistir


Às vezes apetece-me parar, deixar-me cair e desistir de tudo aquilo em que acredito.

Grito


Quem me dera poder ser eu própria, soltar a minha voz interior e poder gritar ao mundo tudo aquilo que vai dentro da minha alma e não se pode desprender. Quem me dera poder lutar contra a mentalidade desta humanidade surda que nada possui senão incompetência. Quem me dera ter o poder da escolha e da criação de um futuro digno e ideal que gostaria de ter.

Pensar


Porque serei eu incapaz de tirar conclusões ? Será incapacidade minha, incompetência, inutilidade, ou pensarei eu demais? Talvez seja isso, talvez pondere demasiado em tudo aquilo que faço ou tenho para fazer... talvez seja isso juntamente com todas as outras coisas... Who knows ?

Ironia



Adoro que me tratem como se eu fosse uma pedra. Uma pedra não se cansa, não sente, não fala, só ouve. Uma pedra é ignorada, chutada, atirada, magoada e triturada até à morte. Arde e não chora. Grita em silêncio... Mas será que é mesmo assim?