
Embora tenha a lareira acesa atrás de mim, sinto o meu corpo congelado. Apenas a minha alma escapa, sendo aquecida desse artificial modo. O contraste entre o seu calor e o gelo do coração, queima a minha mente e impede-me de pensar e agir friamente.
Todo o mundo arde à minha volta durante a calmia da noite. Permito que os meus sentimentos sejam envolvidos pelas labaredas daquela imensidão para que consiga perceber a intensidade destas minhas emoções.
Absorvo-me no silêncio daquela cerração abafada, na tentativa de calar o grito lancinante que me foge do peito... Mas até esse processo exige demasiada força de mim... uma força que eu não tenho... Em vez de gritos ainda sibilo palavras indecifráveis que me escapam descontrolada e imparavelmente.
Parto, então , para um estado louco e paranóico que, discretamente, vai desintegrando a minha mente e transformando parte do meu ser. Caio num obscuro infinito criado por mim, perdendo-me no meu próprio interior. A respiração começa a falhar... O fogo extingue-se... Restam apenas as cinzas das suas labaredas e um pedaço de gelo intocável que as reflete indiferentemente. De repente, o gelo quebra, ficando somente aquelas cinzas inanimadas... As cinzas que sobraram de mim e que, com uma forte rajada de vento, voaram.
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