
Ai como eu temo o desconhecido que me agarra de surpresa e me arrasta para o sarilho.
Corro até perder o fôlego, escutando o estalar das folhas e dos ramos secos soltos de Outono, que piso com os meus próprios pés sem sentir.
Fecho os olhos, lutando contra as manhãs do tempo que, apanhando-me despercebida, me tira sorrateiramente a vida.
Embrenho pela escuridão, esperando que esta vagem não seja em vão e tento descobrir quem sou, o que diz meu coração.
Anseio que prendam o tempo, pelos crimes de roubo que comete. Mas este voa, fugindo sem pena ou compaixão.
Avanço pela ria e encontro duas vias. Tenho medo, tenho frio, mas sei que terei razão.
Escolho o trilho mais sombrio, na esperança que me diga algo. Algo que não sei.
Tenho medo. Medo e muito rio. Mas continuo.
Este caminho... Provoca-me um calafrio.
É como outro caminho qualquer, só que com bichos invisíveis, ocultos pelo manto da noite, escapando à pálida luz do luar, por entre a densa vegetação misteriosa e sussurrante de segredos.
Tento escapar, correr contra o tempo. Passar por este e vencê-lo! Sem que me roube, sem que me magoe.
No entanto, não consigo. Não mo permite.
O tempo corre... O tempo foge... O tempo soa... O tempo voa...
Não há como apanhá-lo. Não há como matá-lo. Vive...